1. Aproximou-se um homem habituado ao uso inveterado da verdade, o seu olhar varrendo toda a fraude das palavras. Aproximou-se firme e impoluto. Esquadrinhou as faces oxidadas da mentira. Olhou depois o chão como quem abre um sepulcro, e lentamente desenhou o puro rosto da verdade sobre a areia.
2. Levantou depois os olhos azulados. À sua frente havia apenas céu. Para onde tinham ido os impostores? Quem é que tem medo da verdade? Baixou de novo os olhos e guardou na areia seca do deserto dois loiros grãos de trigo, dois pedaços de azul, duas lágrimas, duas palavras interditas.